Comunidade da Ilha da Pintada discute instalação de Mina de Carvão em Eldorado
O governo do RS, tanto a administração atual quanto a anterior, não incluiu a comunidade das ilhas do Guaíba nas discussões sobre a instalação de uma mina de carvão entre os municípios de Eldorado do Sul e Charqueadas. Mas a comunidade já se mobiliza para ser ouvida. Na quinta-feira (25), tive a oportunidade de participar, […]
26 jun 2019, 16:47 Tempo de leitura: 2 minutos, 35 segundosO governo do RS, tanto a administração atual quanto a anterior, não incluiu a comunidade das ilhas do Guaíba nas discussões sobre a instalação de uma mina de carvão entre os municípios de Eldorado do Sul e Charqueadas.
Mas
a comunidade já se mobiliza para ser ouvida.
Na quinta-feira (25), tive a oportunidade de participar, ao lado da deputada
estadual Luciana Genro, de uma aula aberta sobre o tema, promovida pelo Colaí
Movimento de Cultura da Ilha da Pintada. O encontro, na Escola Estadual de
Ensino Médio Almirante Barroso, reuniu estudantes, professores, lideranças
comunitárias desta e de ilhas vizinhas para descobrir os riscos que essas
regiões correm com a implantação desse projeto.
Os advogados Patrícia Silveira e Conrado Klockner deram uma aula de direito ambiental à população, apontando a falta de informações claras no projeto, o real impacto ambiental dessa exploração especialmente na região do Delta do Jacuí e o perigo que a atividade pode trazer não só ao ambiente, mas à saúde de moradores dessas áreas e de Porto Alegre como um todo, já que é do Guaíba, onde deságua o Jacuí, que se tira a água para o consumo de quem vive na Capital.
Na aula aberta mesmo, muitos moradores demonstraram aversão ao projeto e preocupação diante de situações que há muito pouco tempo deixaram o país estarrecido, como os rompimentos de barragem em Mariana e Brumadinho, em Minas Gerais, cuja irresponsabilidade dos empreendedores provocou mortes e depredação ambiental sem precedentes.
Em
mais essa frente de luta, aproveitamos a oportunidade para informar aos
moradores que já pedimos, tanto pelo meu mandato quanto pelo mandato da
deputada Luciana Genro, que a Fepam, órgão estadual responsável pelo licenciamento
desses empreendimentos, faça audiências públicas não só nos municípios
diretamente atingidos, mas em áreas vizinhas, como Porto Alegre.
Há muito a se descobrir e discutir sobre esse projeto, que o governo quer
implementar custe o que custar, reforçando um modelo atrasado de
desenvolvimento e arriscado sob o ponto de vista socioambiental.
O QUE DESCOBRIMOS NA AULA ABERTA
A área total da mina é de 4,5 mil hectares, nada menos que 6 mil campos de futebol.
Para a mina existir, um assentamento que produz arroz orgânico terá de sair do local.
O local fica em uma zona chamada de aluvião, com depósito de sedimentos, como a areia, que também será explorada. A área é de extrema importância nos processos hídricos e de drenagem com impacto direto no Delta do Jacuí.
A Copelmi, empresa responsável pela mina, diz que não fará uma barragem como a de Brumadinho, mas todo o material estéril da atividade deve formar uma montanha de mais de 20 metros em uma área com mais de 260 hectares, deformando a paisagem da região, sem garantias de que essa “chapada” de rejeitos não venha abaixo.
Não há garantias quanto a riscos de contaminação do solo e da água durante os 30 anos de exploração.